Caso Rubiana – Polícia acredita em feminicídio

Polícia prendeu três pessoas que teriam participado, mas depoimentos ainda não são conclusivos por causa das contradições entre eles. Fabiana teria sido empurrada numa tentativa de estupro

A moça encontrada morta dentro de uma oficina na QE 40 há duas semanas depois de cair de um prédio vizinho pode ter sido empurrada por colegas de farra. A 4ª Delegacia de Polícia do Guará prendeu três suspeitos do que pode ser um crime contra Rubiana Rosa dos Santos, depois de ouvir testemunhas e os amigos que estavam com ela no dia da queda.
Uarlei Alves de Lima, 29, e Wilson Rodrigues Amodeu, 37, e Danúbia Mangueira de Santana, 23, foram presos nesta segunda-feira, 4 de novembro, suspeitos de terem participado da morte da moça, mas falta concluir como tudo aconteceu exatamente. Antes de cair do prédio no telhado da oficina vizinha, Rubiana estava no apartamento de Wilson, bebendo, ouvindo música e consumindo droga com o grupo.
A principal suspeita da polícia é que Rubiana tenha reagido a uma tentativa de estupro e sido empurrada ou tenha se desiquilibrado depois de tentar se desvencilhar do agressor. “Um dos presos disse que houve uma tentativa de crime sexual, mas ela resistiu ao assédio”, afirma o delegado titular da 4ª DP, João Maciel, que cuida do caso.

Os três suspeitos promoviam farras regadas a álcool com Rubiana

Imagens e depoimentos
Os três foram presos depois da polícia analisar mais de 30 horas de gravações de câmeras de segurança do prédio onde ocorreu o crime. Segundo o delegado, houve contradições nos depoimentos dos envolvidos, que afirmaram inicialmente que a morte de Rubiana teria sido acidente, hipótese praticamente descartada pelos investigadores. Pelas gravações e depoimentos de vizinhos, teria havido uma discussão entre as pessoas que estavam no apartamento na noite do sábado pouco antes da queda. Um dos vizinhos do prédio firmou à polícia ter visto Fabiana correndo nua dentro do apartamento dos amigos.
Dos presos, Wilson tem passagem pela polícia pelo crime de violência contra mulher (Lei Maria da Penha) e Uarlei já foi preso por receptação.
Os três suspeitos foram presos preventivamente enquanto a polícia continua ouvindo outras possíveis testemunhas. “Gostaríamos de ouvir mais vizinhos, mas poucos estão querendo colaborar, talvez por medo deles”, diz o delegado. Há, entretanto, o risco dos três suspeitos serem soltos pela Justiça antes da conclusão do inquérito, que depende da liberação do laudo, que normalmente é concluído em cerca de 30 dias.
A dificuldade da polícia está em definir como exatamente o crime aconteceu. “Todos os suspeitos mentem muito. Wilson coloca a culpa no Uarlei e vice versa. Acredito que, no momento do fato, os três podem ter agido. Eles negam a discussão que ocorreu antes da morte, mas há testemunhas de que ela aconteceu”, afirma João Maciel.
O fato mais contraditório, de acordo com o delegado, é que os quatro estavam bebendo juntos e ninguém afirma saber o que aconteceu com Rubiana. “Disseram que ela estava no telhado, falando em suicídio, mas não deram atenção e foram dormir. E nem a procuraram no dia seguinte”, conta. A suspeita da polícia de que tenha havido tentativa de estupro é que já se sabe que Rubiana tenha “ficado” com Uerlei antes, mas que depois ela não o quis mais, o que pode ter irritado o agressor.
“O certo é que temos certeza é que os três sabem o que realmente aconteceu e falta pouco para juntarmos todas as peças desse quebra-cabeças”, garante o delegado.

Delegado titular da 4ª DP, João Maciel, que cuida do caso

Caiu dentro de oficina
Rubiana foi encontrada morta dentro de um tanque usado para lavagem de peças numa oficina da QE 40 na manhã do dia 21 de outubro, segunda-feira, quando os funcionários chegaram para trabalhar. A queda teria ocorrido na noite de sábado de um prédio vizinho à oficina. O corpo estava com diversas fraturas provocadas pela queda. Ela caiu do prédio vizinho à oficina, do apartamento de um casal que costumava frequentar.
A polícia descobriu que os três haviam bebido e consumido drogas por três dias seguidos, de quinta a sábado, e que nesse intervalo o casal teria ido também ao apartamento de Rubiana, no edifício Olympique, vizinho ao prédio da oficina e do apartamento do casal. Rubiana, deixou três filhos e um neto.